Índia dá o exemplo de como a tecnologia pode transformar uma nação

O Banco Mundial estima que, na década de 1970, mais de 60% das pessoas que viviam na Índia estavam abaixo da linha da pobreza. Em 2009, após anos de liberalização e crescimento econômico, este número tinha caído para 33%. Isso ainda se traduzia em mais de 300 milhões de pessoas – uma população equivalente aos Estados Unidos – que lutavam diariamente pelas necessidades mais básicas. Nessa época, 400 milhões de pessoas não tinham uma identidade formal. E mais chocante, apenas 17% tinha uma conta bancária.

Hoje, existem mais de 1,4 bilhão de números Aadhaar (identidades) no Repositório Centralizado de Dados de Identidades (CIDR) da UIDAI (Unique Identification Authority of India), cobrindo 99,9% da população adulta. Hoje o Aadhaar cobre quase toda a população da Índia e é a espinha dorsal da revolução digital do país – sem dúvidas, é o empreendimento tecnológico mais importante e bem-sucedido da história moderna da Índia.

Como reconstruir a confiança global após Davos

O resultado das eleições do Paquistão, em 9 de fevereiro, foi chocante. Candidatos independentes afiliados ao partido do líder político paquistanês Imran Khan, que está preso, conquistaram o maior número de assentos na Assembleia Nacional. Uma versão de Khan gerada por inteligência artificial (IA) reivindicou a vitória nas eleições e apelou aos seus apoiadores para “mostrar agora a força de proteger o seu voto”.

Khan tem usado IA para enviar mensagens a seus apoiadores. “Você manteve minha confiança e sua participação massiva surpreendeu a todos”, disse a voz da IA ​​​​no vídeo.

Segundo o Global Risk Report do Fórum Econômico Mundial, as preocupações com uma crise persistente do custo de vida e os riscos interligados de desinformação e informação falsa impulsionados pela IA, bem como a polarização social, dominam as perspectivas de riscos para 2024.

 

A lição do visionário Ignacy Sachs para o futuro dos investidores

No começo desse mês morreu Ignacy Sachs (1927 a 2023), o economista e sociólogo polonês refugiado de guerra no Brasil entre 1941 e 1953 e reconhecido como um dos pioneiros do desenvolvimento sustentável.

Olhando para trás e analisando sua obra, Sachs já na década de 1970 reconheceu a urgência de abordar as complexas interações entre fatores econômicos, sociais e ambientais na busca do desenvolvimento. Sua abordagem holística e ênfase na sustentabilidade influenciaram gerações de economistas, formuladores de políticas e ativistas, moldando o discurso sobre como o desenvolvimento deve ser buscado para garantir um futuro melhor para todos, preservando o planeta.

Como as instituições financeiras poderiam mudar a realidade do microcrédito

A população brasileira hoje é de aproximadamente 218 milhões de pessoas. O programa Bolsa Família atende 21 milhões de lares, ou 84 milhões de pessoas se considerarmos 4 pessoas por lar – quase 40% da população. O programa é essencial, principalmente se levarmos em consideração o abismo social que já era imenso e que só piorou com a pandemia. Em 2023, o orçamento disponível para o novo Bolsa Família é de cerca de R$ 175 bilhões.

Enquanto isso, nessa semana, o Congresso Nacional estava discutindo o Novo Arcabouço Fiscal, um mecanismo de controle do endividamento que substitui o Teto de Gastos, atualmente em vigor, por um regime sustentável focado no equilíbrio entre arrecadação e despesas. As despesas, no ano de 2022, foram de 46% do PIB ou R$4,6 trilhões. O Bolsa Família esta dentro dessa conta de despesas. Ou seja, cerca de 84 milhões de pessoas representam um passivo na contabilidade do país.

Em 2009, na Índia, a população era de 1,3 bilhão de pessoas. Em um TED Talk gravado naquele ano, Nandan Nilekani, cofundador da Infosys (uma das maiores empresas de tecnologia do mundo) explicava que esse número de indianos era um passivo para o país e que a única forma de transformar um passivo em ativo seria empoderando as pessoas.

Uma mulher, uma mina de lítio e muitas razões para ter orgulho do Brasil

Em março deste ano, fui para o Vale do Jequitinhonha, em Minas Gerais. Fui participar do lançamento de um programa de microcrédito para mulheres, muitas delas quilombolas da região. Sentei-me entre elas, quis saber como era o programa e o que elas iam fazer com o crédito. A Diane, uma mulher linda, que mora no Quilombo do Baú, me contou que ela é uma das três pessoas da sua família – com 300 pessoas – que conseguiu estudar, sendo que ela foi a única que conseguiu concluir os estudos.

Com o programa de microcrédito, ela está realizando um sonho: empreender. Por meio do aplicativo Dona de Mim, ela mandou os documentos, recebeu treinamento on-line sobre o uso do crédito e recebeu o recurso em uma conta no Banco Pérola.

Ouvindo a história, não consegui conter o choro. Naquele momento, via a história de diversas mulheres se cruzavam: a Diane, a Alessandra – fundadora do Banco Pérola (que conheço há anos) e a Ana Cabral-Gardner, CEO da Sigma Lithium. Foi emocionante presenciar a materialização de sonhos.

O custo por trás da moda é maior do que você pensa

O mundo consumista em que vivemos hoje nos cegou. Aquilo que não vemos ou não sabemos, não sentimos. Não queremos saber de onde veio ou como foi feito, queremos apenas saber qual é o preço. Todo processo produtivo consome recursos naturais e humanos de maneira extraordinária.

Com o aumento da concorrência, o preço se tornou cada vez mais relevante e para conseguir manter um preço baixo, alguém em algum lugar do mundo está trabalhando por muito pouco ou existe alguma tecnologia substituindo o ser humano.

Qual é o dever fiduciário daqueles que orientam os investimentos?

O agente fiduciário (bancos, fundos de investimentos, corretores, conselheiros, CEOs, diretores de empresas, etc.) age em nome de outra pessoa e em benefício desta. Esse agente deve agir com honestidade, boa fé e lealdade. Decisões tomadas por agentes fiduciários atingem toda uma cadeia e afetam empresas no seu processo de tomada de decisão, práticas de governança corporativa e na maneira que são geridas, afetando consequentemente comunidades e pessoas.

Conversando recentemente com minha amiga Denise Hills, que é diretora global de sustentabilidade da Natura (NTCO3-3,00%), falamos sobre isso. Aliás, ela é o exemplo vivo de um agente fiduciário que pensa o tempo todo em como deixar um mundo melhor.

É necessário empoderar as pessoas para que se tornem um ativo do país

Em novembro de 2017, num almoço com indianos sócios de um Fundo de Impacto na Índia, um deles abriu o celular, passou por um reconhecimento facial e entrou em uma conta. Por curiosidade perguntei do que se tratava. Ele balançou a cabeça num movimento típico dos indianos e respondeu “You don’t know India Stack??” (Você não conhece o India Stack?). Eu nunca tinha ouvido falar. “Do you want to know more?” (Você quer saber mais?), perguntou balançando a cabeça. Daí em diante me tornei uma apaixonada pelo tema.

Em 2009, o então primeiro-ministro da Índia convidou Nandan Nilekani, fundador da Infosys (uma das maiores empresas de tecnologia do mundo), para ingressar no governo com o desafio de fornecer uma identificação única a todos os indianos. O India Stack é um projeto que digitalizou 1.2 bilhões de pessoas na Índia. É o maior programa de identificação do mundo e foi feito em um país onde as pessoas não têm documentos, nem certidão de nascimento, nem casas, nem endereço. Similar ao que temos em alguns lugares aqui no Brasil. Esse sistema digital tornou-se também a base do maior programa de transferência de renda do mundo.