A importância da abordagem de venture philanthropy no brasil e no mundo

Segundo o estudo publicado esta semana pela Aspen Network of Development Entrepreneurs (ANDE) chamado “Investimento de Impacto na América Latina”, o volume de investimentos em Negócios de Impacto Socioambiental no Brasil chegou a US$ 785 milhões em 2019 e a maior parte dos investidores espera taxa de retorno de mercado o que nos mostra a ausência de capital paciente, tão importante para o desenvolvimento deste setor.

Esta mentalidade de curto prazo é um grande desafio já que, do outro lado, o empreendedor social precisa além de capital, de tempo e assessoria/mentoria no desenvolvimento de seu plano de negócios. Torna-se especialmente oportuno o entendimento das possíveis abordagens alternativas para equacionar estas questões sociais e ambientais onde a atuação governamental e a filantropia tradicional navegam com alguma dificuldade.

A crise econômica sem precedentes e o estado de insegurança gerados pela pandemia ocasionaram a drenagem na oferta de crédito e aumento significante das taxas de juros praticadas por seus provedores, a paralisação ou postergação de investimentos diretos, seja por investidores estratégicos, seja por fundos de venture capital e private equity, e a canalização de recursos filantrópicos para causas sociais mais urgentes.

É necessário abrir mão do retorno para fazer investimentos de impacto?

Ainda hoje, quando falamos de investimentos de impacto, existe muita confusão. Muitos confundem com filantropia, e outros confundem com o uso de critérios ASG (Ambiental Social e Governança).

Para ser considerado Investimento de Impacto, a empresa/negócio deve investir com a intenção de gerar impacto social ou ambiental positivo e seus retornos financeiros e impactos socioambientais devem ser mensuráveis. O termo Investimento de Impacto surgiu em
2008 quando a Rockefeller Foundation iniciou um movimento para ajudar a desenvolver essa indústria no mundo.

A primeira vez que ouvi falar de investimentos de impacto foi em 2011, quando um cliente pediu ajuda para estruturar um fundo para investir em empresas que tivessem como objetivo resolver problemas sociais e gerar retornos financeiros, no caso, o foco era educação. Em um primeiro momento, imaginei que ele queria montar uma fundação, doar para ONGs ou projetos de educação. Ele nos explicou que queria investir em negócios sociais e, quando esses gerassem dividendos, gostaria de reinvesti-los, criando um ciclo virtuoso. Pensei… Isso existe?