Como reconstruir a confiança global após Davos

O resultado das eleições do Paquistão, em 9 de fevereiro, foi chocante. Candidatos independentes afiliados ao partido do líder político paquistanês Imran Khan, que está preso, conquistaram o maior número de assentos na Assembleia Nacional. Uma versão de Khan gerada por inteligência artificial (IA) reivindicou a vitória nas eleições e apelou aos seus apoiadores para “mostrar agora a força de proteger o seu voto”.

Khan tem usado IA para enviar mensagens a seus apoiadores. “Você manteve minha confiança e sua participação massiva surpreendeu a todos”, disse a voz da IA ​​​​no vídeo.

Segundo o Global Risk Report do Fórum Econômico Mundial, as preocupações com uma crise persistente do custo de vida e os riscos interligados de desinformação e informação falsa impulsionados pela IA, bem como a polarização social, dominam as perspectivas de riscos para 2024.

 

Como os países mais pobres farão a transição energética?

O Acordo de Paris foi assinado em 2015 na 21ª Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas (COP21). É um tratado internacional contra as mudanças climáticas causadas pelo ser humano. Seu principal objetivo consiste em combater o aumento da temperatura terrestre provocada pelo aquecimento global.

Na prática, significa impedir o aumento de 2°C na temperatura global em relação à era pré-industrial. O acordo também estimula a criação de mecanismos para diminuir o impacto das mudanças climáticas e a substituição de fontes emissoras de gases do efeito estufa.

Segundo relatório da Organização das Nações Unidas (ONU) de outubro de 2022, tudo indica que as promessas internacionais feitas até agora para reduzir as emissões de gases do efeito estufa são insuficientes. Com base nas metas nacionais de emissões de 193 países, a Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (UNFCCC, na sigla em inglês) prevê um aumento médio da temperatura global de 2,5°C acima da média pré-industrial até o fim do século.

Como atrair o capital de finanças climáticas para o Brasil?

A ciência da mudança climática é clara: somente uma ação coordenada e convicta irá prevenir consequências desastrosas para a população e a economia mundial. Se continuarmos fazendo (quase) nada para cortar as emissões globais em 50% até 2030, não vamos conseguir limitar o aquecimento global a 1,5°C. Isso parece pouco, mas já causaria um sofrimento humano incalculável e prejuízos na ordem de centenas de trilhões de dólares, desestabilizando economias, especialmente países em desenvolvimento.

Segundo estudo da McKinsey, atualmente cerca de 80% do investimento privado em infraestrutura em países de renda média e baixa foi nos setores de energia não renovável e transporte. Globalmente, esses setores estão entre os maiores emissores de CO2. E embora as indústrias de combustíveis fósseis tenham gerado a maior parte da riqueza para investidores privados nas últimas duas décadas, elas estão prestes a se tornar menos atraentes à medida que o esforço global para descarbonizar incorpora metas de carbono zero nos planos econômicos de muitos países.

Precificação do carbono: oportunidade ou custo?

Você consegue imaginar como vai ser a vida num planeta mais quente, menor e com mais gente? Hoje somos 7,7 bilhões de seres humanos. Apesar do ritmo do crescimento populacional mundial estar diminuindo, ainda crescemos em torno de 1,1% a cada década e devemos chegar a 9,7 bilhões de pessoas em 2050.

A grande questão é o estilo de vida de grande parte dessas pessoas, o quanto ele consome de recursos naturais e quanto gera de emissões de gases de efeito estufa.

O pequeno príncipe, a COP26, o nosso planeta e a natureza humana

Esses dias fui assistir meu sobrinho, Guigo Farias (@fariasguigo) no papel do Pequeno Príncipe no Tom Brasil. Aliás, recomendo a todos. A peça foi criada pelo projeto Do Singular ao Plural (@singularaoplural) que busca realizar uma apresentação cênica musical com participação de várias pessoas da população em geral.

“O Pequeno Príncipe” de Saint Exupéry, escrito em 1943, é considerado um livro infantil, mas é uma obra prima que reflete a vida a partir de coisas simples, mas ao mesmo tempo muito filosófica. A cada leitura o livro gera reflexões diferentes, depende da fase de vida e do nosso entendimento sobre nós mesmos.

A equidade racial e o ESG brasileiro

Em seu último livro, “A Tirania do Mérito”, o professor de filosofia política da Universidade de Harvard Michael Sandel debate porque a crença de que o esforço individual é o grande motor do sucesso somente amplia o abismo social, estimula a polarização e impede que as sociedades sejam mais solidárias. No preenchimento de vagas de emprego, mérito conta por dois motivos: eficiência e justiça. Seria errado discriminar o mais qualificado com base em preconceito de raça, religião ou sexo. Um sistema econômico que recompensa o esforço e o talento tem a probabilidade de ser mais produtivo. A ideia de que nosso destino está nas nossas mãos, que nosso sucesso depende só de nós, afirma certa ideia de liberdade.

Segundo Sandel, apesar de inspirador, o princípio do mérito pode tomar caminhos tiranos. O lado negativo do ideal meritocrático está embutido em sua promessa mais sedutora, a de domínio e a de vencer pelo próprio esforço. Uma coisa é responsabilizar as pessoas por agirem de acordo com a moral, outra coisa é pressupor que somos, cada um de nós, totalmente responsáveis por nossa sina. Na visão contemporânea, riqueza significa talento e trabalho árduo e pobreza significa apatia. Aqueles que defendem a desigualdade com base na meritocracia ignoram que certos talentos – decisivos para o sucesso em diversas áreas – e o fato de eles serem valorizados em uma certa sociedade não são mérito de quem os possui, e sendo assim, pensar no mérito como um critério de justiça seria algo falho.

Precisamos de um ESG brasileiro

O lugar em que você fica de pé depende de onde você está sentado, dizia Rufus E. Miles Jr. (1910-1996). Ele foi assessor de presidentes como Dwight Eisenhower, John Kennedy e Lyndon Johnson. De “memoráveis encontros com a realidade”, ele criou a Lei de Miles. Ele codificou o que deveria ser intuitivo. Nós vemos as coisas e fazemos julgamentos a partir do nosso ponto de vista.

Quando procuramos notícias e artigos sobre ESG (acrônimo para ESG – Environmental, Social and Governance ou ASG – Ambiental Social e Governança) encontramos: Nós precisamos reduzir as emissões de gases do efeito estufa, nós precisamos fazer uma transição energética, nós precisamos fazer uma revolução verde, etc… Quem somos “nós”??

Se mudarmos nossos hábitos podemos “adiar o fim do mundo”?

No início deste ano, tive o privilégio de participar de uma conferência com o líder indígena, escritor, jornalista, professor e doutor pela Universidade de Juiz de Fora, Ailton Krenak.

Ailton nasceu na região do vale do rio Doce, um lugar cuja ecologia encontra-se profundamente afetada pela atividade de extração mineira.

Durante a conferência, alguém perguntou sobre o lixo. “O que é lixo?? Não existe lixo. Vocês falam sobre jogar o lixo lá fora. O que é lá fora?? Não existe lá fora. É tudo aqui dentro. Vocês estão jogando lixo na sua casa.” – respondeu Krenak. Esse olhar já nos faz refletir sobre nosso estilo de vida, nossas crenças e nossos valores.

Nos anos 60 e 70 a configuração antropocêntrica da nossa pedagogia tornou natural a exploração ambiental. Criamos um abismo entre o homem e outros seres. A educação do século XX separou cultura e natureza. Krenak explica que quando despersonalizamos o rio, a montanha, quando tiramos deles os seus sentidos, considerando que isso é atributo exclusivo dos humanos, nós liberamos esses lugares para que se tornem resíduos da atividade industrial e extrativista.

No seu livro “Ideias para Adiar o Fim do Mundo”, Krenak critica a ideia de humanidade homogênea na qual há muito tempo o consumo tomou o lugar daquilo que antes era cidadania. Segundo ele, transformamos as pessoas em consumidores e as crianças já nascem clientes.

ESG, TCFD, SASB, GRI: a sopa de letrinhas para reverter as mudanças climáticas

No início da pandemia começamos a observar inúmeras mudanças no que tange a investimentos sustentáveis.

Hoje, 8 meses depois, estamos vivendo um tsunami. Segundo a Morningstar, no final de setembro, USD 1.2 trilhões de ativos geridos por fundos mútuos já levam em consideração desde fatores de mudança climática a direitos humanos nos seus investimentos.

Dirigindo pela Marginal Pinheiros, em São Paulo, meu filho de 4 anos me perguntou: Mãe, quem foi o louco que jogou lixo no rio?

O que responder? Passo o tempo todo falando sobre a importância de cuidar da natureza, de como os rios são importantes, as árvores, os animais… Vivo dizendo que temos que cuidar do nosso planeta, pois é aqui que moramos.

Como foi que chegamos aqui? Como convivemos com isso como se fosse normal? Estamos afundando no lixo e na poluição que nossa ânsia consumista gerou. É possível reverter esse movimento? Acredito que sim. Pode levar anos, mas a mudança começou. O ser humano costuma aprender mais pela dor do que pelo amor – pelo visto, não mudar vai doer no bolso.

A importância da abordagem de venture philanthropy no brasil e no mundo

Segundo o estudo publicado esta semana pela Aspen Network of Development Entrepreneurs (ANDE) chamado “Investimento de Impacto na América Latina”, o volume de investimentos em Negócios de Impacto Socioambiental no Brasil chegou a US$ 785 milhões em 2019 e a maior parte dos investidores espera taxa de retorno de mercado o que nos mostra a ausência de capital paciente, tão importante para o desenvolvimento deste setor.

Esta mentalidade de curto prazo é um grande desafio já que, do outro lado, o empreendedor social precisa além de capital, de tempo e assessoria/mentoria no desenvolvimento de seu plano de negócios. Torna-se especialmente oportuno o entendimento das possíveis abordagens alternativas para equacionar estas questões sociais e ambientais onde a atuação governamental e a filantropia tradicional navegam com alguma dificuldade.

A crise econômica sem precedentes e o estado de insegurança gerados pela pandemia ocasionaram a drenagem na oferta de crédito e aumento significante das taxas de juros praticadas por seus provedores, a paralisação ou postergação de investimentos diretos, seja por investidores estratégicos, seja por fundos de venture capital e private equity, e a canalização de recursos filantrópicos para causas sociais mais urgentes.